Vinicius Santos Fernandes

Desde a infância, a arte esteve presente em minha vida. Meu ídolo musical era Michael Jackson, ele parecia um ser de outro planeta, inspirador. Gostava de desenhar, criar histórias, personagens, brincava muito, sempre usando a imaginação a todo momento. Adorava desenhos e filmes de ação e artes marciais, fascinado pelas coreografias e a sincronia dos efeitos sonoros. Então talvez o caminho estivesse por aí? Fiz Judô ainda criança, mas nao apreciei na época. Como tantos brasileiros, sou apaixonado por futebol, fiz escolinha, participei de campeonatos, mas era muito baixinho para ser goleiro...é, foi legal enquanto durou. Já na adolescência, tentei o teatro, fiz muitas aulas, porém o projeto encerrou antes de poder atuar. Descobri o Taekwondo, uma arte marcial com mais plástica, golpes dinâmicos, aquilo me enchia os olhos. Não gostava do combate em si, meu exercício favorito era treinar os movimentos, deixá-los "limpos", quando tinha música ambiente a adrenalina ia lá em cima, tinha algo aí. Apreciava assistir os exercícios em conjunto, todos fazendo os golpes em sincronia, já me imaginava como professor coordenando aquilo um dia, fazendo sequências, exigindo ritmo e simetria, já havia um metrônomo na minha cabeça. Ali eu estava próximo do que queria, só nao sabia o que era ainda. Saí das artes marciais, mas levei comigo bons valores dos mestres que tive nessa fase da vida. Voltei para o desenho, melhorei meu traço, mas estava inquieto, a arte de desenhar em si já não entusiasmava como antes, pensando como carreira. Dançar por dançar, sempre gostei desde pequeno, desinibido, dançava nas festinhas pra me divertir, mas nunca levei aquilo a sério. Poderia ter contato com essa arte antes, já que conhecia, ainda da época de escola, meu hoje grande amigo e mentor como produtor cultural, Paulo Xavier. Ele passava nas salas de aula como um arauto: "estão abertas as inscrições para as turmas de dança da escola..." mas na época aquilo não havia se revelado pra mim. Até que por insistência de um grande amigo, fui assistir a "noite da dança de rua no Santa Maria em Dança", no ano de 2001 e despretenciosmente, aceitei o convite. Mal sabia que esse dia ia mudar minha vida. Assisti as horas de espetáculo sem piscar, as formas, energia, platéia, luzes, cores, temas, absolutamente tudo me encantou. Queria fazer parte daquilo. Naquele momento consegui encaixar as peças do quebra-cabeça que estavam espalhadas ao longo da minha vida. Um ano depois minha história na dança de fato começou, quando integrei o Grupo Mecanic Street Dance, do professor Vitor Escobar, por quem tenho muito carinho até hoje. A transição de bailarino para o ímpeto de criar, coreografar, coordenar foi muito rápida. Lá tive a oportunidade de fazer os primeiros experimentos e logo em seguida bati asas e fui ver o horizonte com meu próprio bando, um esquadrão de quase 20 anos, onde um dá forças ao outro, minha amada Impacto das Ruas Cia de Dança. E nessa brincadeira de infância, há um pouco daquele lúdico Vinicius, materializando formas, cores, histórias e personagens através da dança...e pude até fazer alguns covers do Michael Jackson em algumas oportunidades. A vida, como a arte, é cíclica. Meu carinho e gratidão por todos que sempre nos apoiaram, pais, familiares, amigos, mentores e também aos "padrinhos do grupo" que nos abriram muitas portas e oportunidades. Ao elenco que sempre confiou em mim em todas as empreitadas: Lauren, minha companheira de vida, comigo desde o início dessa história, Marcelo que me trouxe a este universo e me acompanha até hoje, Fabinho uma pessoa com uma energia única, Gabi que literalmente vi crescer conosco, Nath nossa maior fã que vive intensamente esse sonho, Robson com sua dedicação e disposição, Maicon que aprendeu a confiar em si e saber que é capaz de tudo. Somos muito diferentes como indivíduos, mas nos complementamos como coletivo, obrigado por serem assim, IMPACTANTES Vinicius